1. |
Ao Passar O Tempo
03:23
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Vim pra te dizer que o dia esta estranho
E há um som no ar que eu não acompanho
E sinto o cheiro a fresco dos murais com tinta
E ouço velhas histórias da antiga Sintra
E ao passar o vento sempre muda
E ao pensar o tempo não me ajuda
E cai-o pelo chão como fruta madura
Que se decompõe sobre uma sombra escura
E o campo alentejano anda à seca
Como um grito mudo de Guernica
E prados algarvios jazem no fundo um mouro
Tal e qual as vinhas que cobrem o Douro
E ao passar o vento sempre muda
E ao pensar o tempo não me ajuda
E cai-o pelo chão como fruta madura
Que se decompõem sobre uma sombra escura
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2. |
Degradação
03:20
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Os dias andam bons
Mas eu não os quero
Ando em ruas vazias com ar austero
Vida sem motivo, rosto sem sorriso
Almas degradadas a chegar ao paraíso
Senhores da guerra são como baratas
Por entre a escuridão dando as patas
Violência exacerbada, história inventada
Armas construídas que não servem para nada
Não me sinto bem
Não me sinto bem
Não me sinto bem
Não me sinto
Vais apanhando flores pelo caminho
Pra tentar disfarçar o cheiro a vinho
E nas esquinas mulheres, calmas e serenas
Vão vendendo a alma pra poder pagar as rendas
E tu que dizes ser observador
E deambulas com charme e glamour
Deixa-te de apostas, endireita as costas
Inverte os papeis para ver se também gostas
Este é o lado sujo da degradação
O triste oposto da industrialização
Por entre avenidas
Florestas citadinas
Ações cometidas
Casas em ruínas
Toca um som e eu fico bem
O silencio é mau pra mim
Eu só quero ser alguém
Mas esta difícil
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3. |
Roubar Rios
04:23
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Se eu te perder
Ei-de andar aos tombos na rua
Com a alma dorida e nua
A tentar me esconder
Se eu te perder
Não me venham falar de amizade
Não me venham dizer a verdade
Que eu não vou querer saber
Se eu te perder
Vou fugir para um lugar distante
Vou cavar uma cova gigante
E vou desaparecer
Se eu te perder
Vou sentir o meu corpo sem nada
Vou fazer-me sozinho à estrada
Para não mais te ver
Vou ver o tempo passar
Sem saber para onde ir
E tudo pode acontecer
Se eu te perder
E se eu te perder
Eu sou sincero
Vou-me afundar nas profundezas da mente
Vou navegar sempre contra a corrente
Vou destruir as montanhas com as mãos
Vou ser o oposto da oposição
Eu vou secar o ar
Eu vou secar o ar
Vou roubar rio, roubar rios!
Destruir pontes
Matar o Sol
Queimar os astros
Beber toda a água do mar!
Beber toda a água do mar!
E transformar o bom em mau
Vou roubar rios!
Rururureeiiii
Destruir pontes
Beber toda a água do mar!
Beber toda a água do mar!
E transformar o bom em mau
Vou roubar rios, roubar rios!
Destruir pontes
Matar o Sol
Queimar os astros
Beber toda a água do mar!
Beber toda a água do mar!
E transformar o bom em mau
E transformar o bom em mau
Ver o tempo a passar
Sem saber para onde ir
E tudo pode acontecer
Se eu te perder...
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4. |
Balão
04:44
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Sobe sobe balão sobe
Sobe sobe balão sobe
Vai subindo o meu balão
Vai subindo o meu balão
Sobe sobe balão sobe
Sobe sobe balão sobe
Levanta os teus pés do chão
Levanta os teus pés do chão
Sobe sobe balão sobe
Que o João já é um Homem
Já não brinca com balões
Já tem outras tentações
Sobe sobe balão sobe
Que eu não te perca de vista
Vai subindo meu poeta
Vai criando meu artista
Sobe sobe balão sobe
Sobe sobe sem parar
E diz me o que encontrares
No outro lado do mar
Sobe sobe balão sobe
Que o vento já não te sopra
Foi soprar para outros campos
Conhecer outros encantos
Sobe sobe balão sobe
Sobe sobe balão sobe
Como sobe o meu balão
Como sobe o meu balão
E sobe sobe sobe sobe sobe
Sobe sobe sobe sobe sobe
Sobe sobe
Vai de encontro à multidão
Vai de encontro à multidão
E sobe sobe sobe sobe sobe
Sobe sobe sobe sobe sobe
Sobe sobe
Como sobe o meu balão
E como é lindo como é lindo
O meu balão
E sobe sobe sobe sobe sobe
Sobe sobe sobe sobe sobe
Sobe sobe
Vai de encontro à multidão
Levanta os teus pés do chão
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5. |
Falem
03:28
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Ele vai só ele vai a pé
Correndo os bares do Cais Sodré
E ela vai e vem cabelos ao vento
Aproveitando cada momento
Com as mãos nos bolsos a contar trocos
Para ver se chega para mais uns copos
E eles olham ,riem que vida dura
Atrocidando a pobre criatura
Quantos não têm os olhos vagos
À procura de mais uns tragos
Alienados pela televisão
Enquanto aumenta a taxa de emigração
Lá vai mais um homem à solta
Sabe quando vai não sabe é quando volta
Chorando mares e rios
Isto não é protesto isto é revolta
E o sol ergue-se sobre as nuvens
Iluminando as ruas a quem não quer ver
Para não terem desculpas
Para ficar em casa sem nada fazer
E o sol ergue-se com o vento
Abalando os seres que não querem ouvir
Para não terem desculpas
Para ficar em casa apenas a dormir
Falem, falem, falem
Digam o que têm a dizer
Falem não se calem
Calar é uma forma de esquecer
E ele vai e ele vem o que é que ele tem?
E ele vai e ele vem mas ele é quem?
Um deputado arrogante engravatado
Ou um mendigo que ficou agarrado
Ele tentou mas fecharam-lhe as portas
Por não querer ser só mais um lambe botas
Procurando incessantemente o seu papel
Ao ver mulheres que têm mais base que pele
Ele é a voz da razão adormecida
Simplicidade grotesca da vida
Ele é um momento espontâneo de verdade
O lado artístico de qualquer sociedade
Ele é a voz ele é o choro ele é o riso
É a ação é o saber é o motivo
Oposição ao modernismo que o controla
Financiamento exigente que não descola
Ele é o contraste entre quem pode e consome
Que ignora quem não tem e passa fome
Ele é o peito oprimido do civismo
Que enfrenta sem medo o autoritarismo
E ele é um sábio no auge do conhecimento
Poeta morto que criou um movimento
Ele é um surdo que não ouve a imprensa
E até morrer à de dizer aquilo que pensa
Falem, falem, falem
Digam o que têm a dizer
Falem não se calem
Calar é uma forma de esquecer
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6. |
Florestas Negras
06:42
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Se o meu caminho for
Pelas florestas negras
Não me vou perder se te vir dançar
Por entre as estrelas
E se o meu canto não se ouvir
Na outra margem
Eu enfrento o rio, sem medo nenhum
Pra te sentir perto
Mas se eu me perder
E o tempo ficar nublado
Diz me para onde ei de ir
Se não vir o céu estrelado
E quando a força acabar
E voltar o cansaço
Não me vou esquecer dos dias de Verão
Em que o Sol brilha alto
E se a vida desaparecer durante a Primavera
Eu não vou voltar a pensar em ser
Aquilo que era
Mas se eu me perder
E o tempo ficar nublado
Diz me para onde ei de ir
Se não vir o céu estrelado
E se eu me perder
E o tempo ficar nublado
Diz me para onde ei de ir
Se não vir o céu estrelado
E eu não vou morrer já
E eu não vou morrer já
E eu não vou morrer já...
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7. |
Dançando
03:20
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Vais descendo a calçada
Com teu ar de sono, cara enfadada
Posta ao abandono, sozinha na estrada
Sem eira nem beira
E o peso da razão aperta
E mente desperta, numa voz incerta
Diz que te esqueces-te dos livros de bolso
Junto à cabeceira
E é tarde para voltares para trás
E se fores capaz, não penses mais nisso
E mostra um sorriso
A essa vontade de seguires em frente
Pois mais vale andar sozinho
Devagarinho, sem ter caminho
Do que viver na alvorada,
Mas descontente
Velhas cantam ás janelas
Tricotando blusas, acendendo velas
Enquanto tu passas, mandando umas passas
Numa ponta suja
Vestindo um casaco rasgado
Cabelo mal cortado e despenteado
Com uns sapatos velhos, fora de moda
Que ninguém usa
E caga na superstição
Que há de haver razão, para a perfeição
Do sol a brilhar na sua altivez
Quando chega Agosto
E vai dançando, vai dançando
Vai dançando, vai dançando
Até os teus pés lhe tomarem gosto
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8. |
Som do Tambor
05:07
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Marcas na pele todas as horas que passam
E quantas luas enxergas durante o ano
E o céu esta morto mas os falcões ainda caçam
O que há de belo no centro de um ser humano
E ele tem os bolsos com mais pedras do que magoas
E ela as mãos com mais magoas do que pedras
E vão andando por ruas abandonadas
Fazendo amor pra tentar por fim as guerras
E ela passa mas ele não a ouve
Com passos leves de ceda de cetim
Mas nas montanhas lúcidas da sua mente
Sente que anda algo a solta por ai
E cheia de graça dá a volta a praça alegre e contente
E ele louco sonhador anda em pés descalços na gravilha quente
E deixa o som do tambor
Fazer renascer a cor
Dessa flor que já murchou
Desse dia que acabou
Dessa luz que se apagou
Desse céu que se desfez
Desse traço que o céu fez
E que ele persegue
Como um ser errante e apaixonado
Cativante ou cativado
Sedentário, libertário
Que se afoga em todo o imaginário
De sonhos profundos
Belos e fecundos
Leves, sorrateiros
Vultos passageiros
Até que o som acalma
O tambor silencia
E ele diz lhe ao nascer do dia
Eu dava a minha vida só pra te sentires em paz
Eu dava a minha vida só pra te sentires em paz
E eu dava a minha vida, a minha vida eu dava
O mundo em dois abria e sol eu destruía
E o sol eu destruía, e o sol eu destruía, e o sol eu destruía
E eu dava, eu dava a minha vida só pra te sentires em paz
Eu dava a minha vida só pra te sentires em paz
Eu dava a minha vida só pra te sentires em paz
Eu dava a minha vida só pra te sentires em paz
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9. |
Mais Um Dia
03:42
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Mais um dia tudo outra vez
Numa idade indiferente a razões e porquês
Mais um dia a jogar o jogo do mundo
E a lançar os dados com o ego no fundo
Mais um dia matar ou morrer
Lei da selva aplicada à cidade a crescer
Mais um dia a bulir por trocos
Mais um dia a abrir os buracos prós outros
Mais um dia no chão
Com o tapete forrado
Mais um dia a dormir
Mais um dia acordado
Mais um dia pra dizer que um dia
Mais um dia pra pensar que um dia
Mais um dia a achar que um dia
Hoje é dia de agir
Mais um dia tudo outra vez
Sempre as mesmas rotinas e os mesmos cafés
Sempre o mesmo sorriso forçado
Sempre o mesmo bom dia e o mesmo obrigado
Mais um dia ser ou não ser
Mais um dia a ganhar mais um dia a perder
Mais um dia a servir de base para copos
Mais um dia a abrir as portas para os outros
Mais um dia no chão
Com o tapete forrado
Mais um dia com força
Mais um dia estoirado
Mais um dia pra dizer que um dia
Mais um dia pra pensar que um dia
Mais um dia a achar que um dia
Hoje é dia de agir
Mais um dia tudo outra vez
Numa idade indiferente a razões e porquês
Mais um dia a jogar o jogo do mundo
E a lançar os dados com o ego no fundo
Mais um dia matar ou morrer
Lei da selva aplicada à cidade a crescer
Mais um dia a bulir por trocos
Mais um dia a abrir os buracos para os outros
Mais um dia no chão
Com o tapete forrado
Mais um dia a dormir
Mais um dia acordado
s um dia pra dizer que um dia
Mais um dia pra pensar que um dia
Mais um dia a achar que um dia
Hoje é dia de agir !
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